O REIZINHO MANDÃO

Certamente, a maioria já deve ter lido este clássico de Ruth Rocha. Mas vou resumir a história: um Reizinho (que no fundo era um menino mal educado e mimado) fazia as leis do seu reino, de forma absurda e sem sentido. Mas se alguém discordasse ele logo mandava calar a boca. Não demorou muito, seu povo perdeu a voz. Até que um dia alguém teve a coragem de enfrentá-lo... Para quem leu, para quem não leu o livro, esta história soa bem familiar e atual. Como não vivemos mais em uma monarquia, basta atualizar o \" cargo\". O prefeitinho mandão, que não ouve sua população, fazia e desfazia da cidade como bem entendia: fechou um Observatório Astronômico, acabando com a possibilidade educativa e de lazer da população. Também bateu o pé que a cidade não precisava manter sua história e fechou a Pinacoteca, que tinha um prédio projetado e construído especificamente para tal. Amontoou as obras valiosas em um lugar, sem cuidado algum. O prefeitinho também planejava fechar a biblioteca. Bem típico de pessoas autoritárias, que querem seu o povo na ignorância para manter sobre elas seu poder com mais facilidade. Ah, ele também deixou de enviar verba para um hospital que cuida de pessoas com câncer. O Reizinho mandava \" chá com mel e limão é bom!\". Teve também o albergue noturno que abrigava pessoas em vulnerabilidade Mulheres vítimas de agressão... Que o Reizinho cortou contrato. Para seu povo, nada! Nas escolas, faltava lápis, caneta, massa de modelar, brinquedos e até pão para as crianças! O prefeitinho só queria economizar e deixou sua cidade um caos. Na míngua. Ah, mas os impostos eram sua prioridade! Todos tiveram aumento! Até que um dia, o pessoal que trabalhava para a cidade resolveu: \"chega!\". Assim como a população ( pois muitos moravam na cidade) sofriam com a má gestão do prefeitinho mandão, que além de tudo, não queria pagá-los justa e decentemente pelo trabalho que desempenham para a população. Então eles se puseram a falar. E gritar. E cantar! Tudo o que havia de errado, tudo o que faltava e era camuflado para o restante da população. E foram chegando mais e mais. E o que eles diziam, gritavam e cantavam, começou a ser ouvido por mais e mais pessoas que se juntavam ao coro. A população estava com eles, lado a lado nesta luta. Outros iam despertando. Somente os iguais a ele na essência estavam contra. Mas o prefeitinho mandão, que não ouvia ninguém e não estava acostumado a ser contrariado e, portanto, não sabia dialogar e ceder, foi perdendo o controle da situação. Eles eram muitos, eles eram fortes. Ao invés de aproveitar a oportunidade de aprender, de melhorar, de pensar no bem do seu povo, preferiu agir como todo autoritário faz: mandar! Para isso, teve ajuda de um juiz que ordenou: \"calem-se!\". Como esse pessoal que trabalhava para a cidade em sua plena razão estivesse, obedeceram à ordem judicial. Não porque são covardes ou submissos, mas porque respeitam decisão judicial, mesmo quando ela é arbitrária.   Samantha Maniero, Formada em Pedagogia pela UNIMEP, Professora da Rede Municipal de Ensino e Diretora de Educação no Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Piracicaba.



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